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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A economia amazônica

a economia amazônica


Caracterizada por uma inserção na economia mundial que obedeceu às necessidades dos períodos que o capitalismo atravessou, a região amazônica tendeu a abastecer os mercados externos com diversos produtos oriundos da floresta desde sua colonização européia. Das drogas do sertão ao látex e o cacau, os produtos naturais e o extrativismo foram atividades principais em longos períodos na região, o que acabou formando um quadro de exclusão social pautado na lógica mercantilista e elitista nos rumos que a região seguiu. Adentrando ao século XX, a ocupação do território ainda se pautava na extração de bens naturais, como a borracha principalmente.
A economia amazônica passa a sofrer mudanças quantitativas e qualitativas nos últimos trinta anos do século XX, com a vigência do ciclo militar que passou a abrir novas frentes de exploração e acumulação capitalista. Infra-estrutura, incentivos fiscais, projetos e programas diversos foram implementados a partir da década de 1960 e 70. Estudaremos esses projetos e as estratégias de controle e desenvolvimento do território na Unidade IV, onde a herança deixada por esse tipo de planejamento é essencial para entendermos o quadro atual da Amazônia, visando alertar os graves erros do passado, no que diz respeito às populações tradicionais e ao meio ambiente.
Essa novas frentes abertas no século XX (fronteiras) passam a ser impulsionadas pelo desenvolvimento do capitalismo internacional. Nessa Unidade, veremos como essa apropriação da Amazônia por várias frentes econômicas são geradoras de tensões, conflitos e impactos ambientais de grande escala, onde junto ao avanço da reprodução do capital na Amazônia, coexistem formas arcaicas de exploração humana, concentração de renda e degradação ambiental.
Ao lado de áreas promissoras e dinâmicas, ocorre a existência de exploração humana (trabalho escravo, por exemplo) e índices desenvolvimento humanos baixíssimos. Ao lado de uma economia exportadora que impacta positivamente na balança comercial brasileira, vemos um quadro ambiental catastrófico deixado pelo avanço da agropecuária.
A dinâmica econômica na Amazônia pode ser entendida por dois eixos. O primeiro, trata-se de uma economia dita “moderna” com a presença e domínio de fortes grupos nacionais e estrangeiros que contam com a apoio do estado nas suas atividades. São três suportes que compõe esse eixo “moderno”: 1- a mineração (com exportação de semi-elaborados ou minério bruto), 2- a agropecuária capitalizada e madeireiras, 3- a Zona Franca de Manaus. Os dois primeiros são fortemente impulsionados pelo aumento da demanda externa por matérias-primas, já a ZFM vincula-se mais ao mercado interno.
O segundo eixo da economia amazônica é de uma economia fraca, de baixo rendimento, descapitalizada, praticada pelas populações do interior e que tem na mão-de-obra familiar sua característica marcante. São milhares de pequenos agricultores, extrativistas, pescadores e outras atividades que exercem atividades de enorme importância pela produção de alimentos regionais, mas de baixos retornos de renda e melhoras na qualidade de vida das pessoas.
As exportações da Amazônia aumentaram consideravelmente nos últimos anos. Em 2006, a região exportou quase 15 bilhões de dólares (11% do total nacional). Os estados que mais contribuíram em valor naquele ano foram Pará (45%) e Mato Grosso (29%). A mineração teve o maior peso, onde os metais e minerais responderam por 40% das exportações na Amazônia. Os derivados vegetais (principalmente grãos) responderam por 19% do valor exportado; 80% deste valor foi exportado pelo Mato Grosso. Por sua vez, os produtos de madeira e seus derivados ficaram em terceiro lugar com 8% e tiveram destaque no Pará.
A pecuária de corte, principal atividade causadora de desmatamento respondeu por 6% das exportações da região. O gráfico abaixo sinaliza a participação dos setores nas exportações amazônicas.

Gráfico 1 . Exportações por setores em 2006 na Amazônia.

Fonte: MDIC 2007

Mas há uma enorme desvantagem nessa inserção da Amazônia como exportadora de commodities, pois os preços em que são negociados no mercado internacional não levam em conta vários aspectos, como a escassez futura de alguns deles não renováveis, a exemplo dos minerais. Outro fator que pesa contra o desenvolvimento e expansão dessas atividades econômicas, é que os mesmos preços não incluem os impactos ambientais e sociais causados pelo processo de produção. Desmatamento, rios assoreados/contaminados, emissão de gases estufa, exploração humana e tantos outros impactos deixados, são geradores de um passivo ambiental que não é recompensado internamente. Ao perder milhares de espécies numa floresta desmatada, o Brasil perde biodiversidade que poderia gerar frutos futuros através de pesquisas. Esse passivo ambiental gerado, serve para abastecer mercados externos, o que atribui à Amazônia esse papel secular de fornecedora de bens primários a baixos custos, em detrimento de sua população e seus bens naturais.
Nossas exportações presentes acumularão uma dívida para as gerações futuras, que herdarão o fruto do ciclo de destruição e pobreza que a maior floresta tropical do mundo está sendo submetida.

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