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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A FLORESTA SOBRE PRESSÃO

A floresta sobre pressão

O principal indicador usado habitualmente para captar a pressão humana na Amazônia é a taxa de desmatamento, qualificado a partir da interpretação de imagens de satélites e acompanhado desde 1988 pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) através dos projetos DETER e PRODES. Mas esse sistema não consegue capturar a extensão das pressões humanas no bioma, pois seu monitoramento não mede áreas inferiores a 6,25 hectares, desconsiderando a pressão inicial de pequenos agricultores, que geralmente desmatam de 1 a 2 hectares por ano, não detectando também a pequena exploração madeireira, nem as estradas não oficiais. Outras limitações apontadas desse monitoramento por pesquisadores do IMAZON (Anderson, Barreto, Souza & Wilis 2005), surgem pois os dados e impactos de assentamentos de reforma agrária, pequenos focos de queimadas, projetos minerais e zonas urbanas não são integrados ao sistema, sendo portanto desconsiderados.
As pesquisas concluem que, quando inserimos tais dados, a área sobre pressão humana na Amazônia é ainda maior do que as projeções anteriores. A pressão consolidada cobre 19% do bioma, e as áreas de pressão incipientes (que estão se iniciando), principalmente as zonas em torno de focos de incêndio, cobriam 29% do bioma. Portanto, esse diagnóstico aponta que cerca de 47% do bioma Amazônico se apresenta sob pressão humana (figura 4).
A pressão consolidada como é sabido, ocorre principalmente em torno das estradas oficiais e dos grandes rios navegáveis. Nas rodovias, predomina esse tipo de ocupação no leste do Pará, norte do Mato Grosso, Rondônia e leste do Acre.  Já nos rios navegáveis o desmatamento é mais visível ao longo do rio Amazonas, na faixa que se estende de Manaus ao estuário. O leste da Amazônia é a área de desmatamento mais antigo, pois recebeu grandes projetos de mineração, exploração florestal e agropecuária já na década de 1960, possuindo maior densidade de circulação e núcleos urbanos, por isso a alta taxa desmatada e que ainda avança atualmente.

Recentemente, as áreas que mais cresceram em taxas de desmatamento foram as do sul da Amazônia, principalmente partindo de eixos que saem do estado do Mato Grosso em direção à Rondônia (BR-364) e sentido sul/norte em direção à Santarém (BR-163). 
Repare na figura 4 que as zonas de pressão incipientes se localizam principalmente em torno das regiões já consolidadas, ou avançando em seu eixo através de estradas não oficiais como vimos no capítulo 13. O destaque ocorre no entorno da BR- 163, que atravessa a Terra do Meio no Pará, cujo diagnóstico serve de base para criação de reservas e áreas de preservação no projeto que pretende asfaltar a rodovia em toda sua extensão. Nessa região, as terras indígenas encontram-se totalmente cercadas pelo desflorestamento, entre elas o Parque do Xingu, que funcionam como barreiras do desflorestamento. Algumas pressões também ocorrem a distâncias surpreendentes das grandes rodovias, relacionadas especialmente a recursos de altos valor como madeira nobre e ouro.

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