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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

A ILHA SEM RIO

Pôr do sol nas margens do rio Amazonas, Parintins - 2010
Parintins, a ilha sem rio
A natureza nas cidades amazônicas propiciam invejáveis vantagens se comparadas à maioria das cidades brasileiras, sendo a principal delas o banho de rio. Bem, não é o que ocorre na cidade de Parintins, que tem seu sítio urbano espraiando-se num arquipélago, que teoricamente é um conjunto de ilhas (e que cada uma é uma porção de terras cercada de água por todos os lados). Irônico ou triste? Irônico para os que se apropriaram indevidamente das margens dos rios, lagos e igarapés, desfrutando egoisticamente dessa benesse que deveria ser de todos os parintinenses: o acesso ao rio como prática de lazer. Triste para a população que perde um dos mais prazerosos lazeres que a invejável hidrografia amazônica proporciona. Vemos figurões locais se apropriando das margens do Macurani, Parananema e Aninga, onde suas mansões, sítios e portos privatizam os balneários que a todos pertence. O que resta ao retante da população? O patético e espremido Canta Galo, o Buraco da Rosa (pra quem tem moto e dinheiro) e a torneira de suas casas! Ah, tem também a piscina do Amazon River que também só usa quem pode pagar!
 Natureza privatizada por elites egoístas. Nenhuma novidade.  Ocorre hoje nos condomínios do Tarumã em Manaus. A natureza assim torna-se a bola da vez do marketing e do “novo jeito de morar”.  Expulsem os caboclos pois agora morar na beira do rio é chic e sinônimo de status. Morar beira rio virou coisa de burguês. Isso sim é irônico.
De acordo com o Plano Diretor do Município de Parintins (que é lei e deveria ser seguido!), uma das atribuições da prefeitura seria a de instrumentalizar e capacitar a cidade para o turismo. Não é o que vemos como já explanamos acima. Ilha sem rio, população sem lazer, turismo sem atrações, seguimos em tortuoso rumo enquanto  somos comandados por pessoas que não possuem visão empreendedora municipal. Sim, empreendedorismo municipal. Isso existe, e Parintins já possui um dos capitais humanos mais valiosos do país: a criatividade, receptividade e o bom humor do povo parintinense. Digo isso pois conheço quase todo o país e estou convicto de minha afirmação. O que nos falta é tomarmos consciência de que podemos reger nossos destinos e elegermos pessoas muito mais capacitadas (e com visão empreendedora) do que as que nos mal governam atualmente. Sonífera ilha: espero que despertes.    
Estevan Bartoli é geógrafo e urbanista.
estevangeo@hotmail.com

2 comentários:

  1. Meu nobre colega, nos temos a grande missao de despertar a sonifera ilha. Seu post evidencia apenas uma das muitas tristezas da Parintins que o mundo nao ve.

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  2. Infelizmente, vemos o povo cada vez mais cerceado do seu direito de contemplar a beleza amazônica. Meu amigo,é o capital ditando as regras na Amazônia.Na verdade quando se diz "vamos preservar o verde" são os dólares que estão em questão!

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