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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A terra e o voto

Adentrando ao século XXI a temática do acesso à terra se torna a cada dia mais latente, mais urgente. Embora ausente da lista das prioridades governamentais e das demandas urbanas sempre mais visíveis, a luta pela terra emerge em variados contextos e territorialidades.
Como dizia Raimundo Faoro, em os Donos do poder, o latifúndio constitui a base da manutenção e da reprodução das desigualdades no Brasil, pois a terra, concebida com caráter rentista e especulativo, torna-se elemento de ascensão ao poder político, processo secular fundador do território e da Nação brasileira.
Cria-se enfim, nos dizeres de Manoel Corrêa de Andrade, o Estado Latifundista, dominado por grupos que se perpetuam e se associam em poderosos lobbies, permanecendo nas entranhas dos poderes nas três esferas.
 O rearranjo das elites locais para frear os anseios pela reforma Agrária são cada vez maiores. Hoje, a metamorfose do velho coronelismo para a carapaça do agronegócio, vislumbra esconder as mazelas humanas e os passivos ambientais deixados, mas ainda reproduzidos em larga escala no campo brasileiro.
A mídia tupiniquim, porta-voz da voracidade do agronegócio e da manutenção da estrutura do Estado Latifundista, cumpre com maestria o ideário da pseudo democracia existente no Brasil, ao defender, com unhas e dentes o agronegócio como elixir da balança comercial brasileira, pois essa seria uma vocação natural do Brasil Celeiro do mundo!
Apesar de predominantemente urbano, a luta pela terra insiste em crescer, e em diferenciadas situações e contextos, onde o campesinato, antes fadado ao desaparecimento por vários teóricos, teima em ressurgir no campo brasileiro.
Ribeirinhos, quebradeiras de coco babaçu, posseiros, quilombolas, indígenas, e tantas outras heterogêneas categorias tem algo em comum: lutam pelo direito de existir e se auto-afirmar perante o elemento que lhes mais é significativo e existencial. A terra.
Assim, ao discutir o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, discutimos, em ano de eleição, novos rumos e alternativas para o país considerado uma dos mais desiguais do mundo.

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